quarta-feira, 14 de abril de 2010

Eu estarei lá.


   Filho,sinto um grande orgulho a cada pequena conquista sua. A cada palavra nova que aprende ou repete. A cada gesto de valentia e independência. Como na vez que decidiu subir as escadas do escorregador sozinho, eu, ao seu lado, soberbo, cauteloso de prontidão para agarrá-lo, se suas perninhas trôpegas errassem algum degrau. 

Mas você cumpriu sua tarefa com imponência e demonstrando que está crescendo rápido e eu ficando velho. Estive ao seu lado no seu primeiro sorriso, embora tenham me dito que não era um sorriso, que só estava com dor de estômago, mas parecia um sorriso e era lindo.

Fiquei orgulhoso até mesmo quando você sujou as fraudas pela primeira vez. Filhos ao seu lado, eu fico bobo.

Quero estar com você quando marcar aquele gol na partida de futebol, pular o alambrado e participar da comemoração, mesmo que os seguranças me botem para fora. Vou querer matar o juiz que não marcar a falta que fizeram em você, estrangular o garoto gordinho que te passou o pé por trás. Mesmo que você nunca chegue a gostar de futebol, meu time de coração sempre será o Gabriel Futebol Clube. Só te peço filho, que não seja corintiano.

Quero estar ao seu lado em sua primeira dor de cotovelo. Explicar que sofrer por amor é inevitável. Ajudar a escrever a cartinha romântica. Passar gloss de morango na garota que te dará o primeiro beijo. Comemorar com você aquele dez na prova, reclamar com a professora que te deixou por três décimos.

Puxar sua orelha se virar um bagunceiro. Quero te ensinar a andar de bicicleta, passar pomada no joelho ralado. Subir na árvore para pegar manga madura, ficar o dia todo tentando tirar os fiapos dos dentes. E, se por um acaso, eu não estiver, não serão os quilômetros que nos farão pessoas distantes, porque você é o meu afeto e ternura, um pedacinho de mim, que tem vida própria, que sorri, e faz a todos feliz.

Quando você for capaz de entender as letras e transformá-las em palavras, as palavras em frases e assim por diante. Com sorte adivinho aquilo que ainda não aconteceu. Você compreenderá o implícito e as entrelinhas. Entenderá que de uma forma ou de outra eu estarei lá. Basta fechar os olhos com força que vai sentir minha mão em seu ombro, e uma voz que sussurra em seu ouvido: Filho amo você.
Ricardo Chagas


Publicado no jornal Paraná Centro 10/01/10

3 comentários:

  1. Q coisa mais linda. Isso sim podemos chamar de amor verdadeiro!!!

    Mas tenho q confessar q adorei isso:
    "Só te peço filho, que não seja corintiano".
    kkkkkkkkkkk

    Muuuuuuuito bom!!!

    Parabéns!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  2. Valeu Marli, os pais tem que orientar os filhos, ser corintiano não é um bom caminho rsrsrs
    Beijão Marli....

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  3. Lindoooo d+!!!!

    Mas meu filho vai ser corinthiano de coração....aehuaheuahueahuehauhe

    bjão

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