domingo, 1 de julho de 2012

Aprendendo com o pequeno homem.

Aprendendo com o pequeno homem.
            Quando fiquei sabendo que ia ser pai, fiquei apavorado. Não tinha condições financeiras e nem emocionais para criar um filho. Queria fugir, cavar um buraco, entrar dentro e não sair mais. Mas não havia como fugir, nem como voltar atrás. Teria que encarar mais uma imposição da vida .Eu que nunca havia passado muito tempo ao lado de mulher alguma, não sabia se estava construindo um lar, ou uma prisão. Por mais que me aconselhassem, eu não sabia o que fazer. Estava perdido. Tive que mudar de emprego, pois as despesas iriam triplicar.
          Oscilei de emprego em emprego, sem me encontrar. Triste e aflito. Mas quando o meu filho nasceu, quando me colocaram no colo aquele bebezinho e disseram que era meu, percebi que aquele pedaçinho de gente necessitava de mim. Naquele instante algo me fez entender que iria amá-lo e protegê-lo pelo resto da minha vida.
          A cada dia que passa ele se parece mais comigo. E me enche de alegria e orgulho, até mesmo quando faz xixi no tapete e me olha com a cara mais sem vergonha desse mundo e diz: “Fizi xixi...” E sorri. O sorriso que aprendi a amar. O sorriso pelo qual daria um pedaço de mim só para continuar a vê-lo. O sorriso pelo qual me faço de palhaço, brinco no chão feito criança, conto dezenas de historinhas imitando voz de fantoche, só para ver desabrochar mais uma vez em seu lindo rosto. O sorriso pelo qual eu morreria. 
           Quando vou passear de mãos dadas com ele, não sei se sou eu que o levo, ou ele que me conduz. Quando ensino a ele as coisas mais corriqueiras, como escovar os dentes, descer o escorregador, andar de motoquinha, sei que ele não é o único que aprende. Sou eu que reaprendo a viver. Porque antes dele, minha vida era como disse Macbeth: “Cheia de som e fúria, significando nada.”
           Hoje tenho a certeza que foi o grande Homem lá do céu, que me enviou aqui na Terra esse pequeno homem, para me ensinar a grande lição do amor.


  Crônica laureada com menção honrosa no VII Concurso Nacional de Crônicas Rubem Braga

Nenhum comentário:

Postar um comentário