quinta-feira, 3 de março de 2016

A menina com alma de artista.




A menina com alma de artista.


Ela tem alma de artista, parece uma menina, mas já é uma mulher comprometida. Ela desenha, pinta e borda. Ela canta e toca, seus olhinhos brilham feito lua em noite de serenata. Ela é Lolita nos delírios de Nabokov, Capitu dos ciúmes de Bentinho, ela é literatura erótica e romance infanto-juvenil. Ela é duas em uma; todas em uma só. Mas no enredo em que está, será coadjuvante e não protagonista.
Fico imaginando ela com seu violão, eu gritando toca Raul! Ambos querendo ser uma metamorfose ambulante. A menina que ficou com o primeiro que botou uma flor em seu coração, sem se dar conta que ela é um jardim. Segurando seu buquê, sem razão ou porquê; às pressas como se fugisse da bruxa ou do lobo mau, nenhum cavalo por perto para roubá-la do altar. De noiva estava maquiada demais, cabelo em coque, não reconheci a menina que faz meu coração pular corda, mais linda estava com sua roupinha de festa junina. Essa sim, fiz questão de tirar fotografia, e guardar no bolso, no lado esquerdo do peito.
Eu a galanteio, ela fica vermelha, vermelho é a cor do amor, mas acho que ela é arco-íris, com o pote de ouro que eu nunca vou encontrar. Branquinha, ela é Branca de Neve, eu os sete anões, zangado porque ela foi embora com o príncipe. Eu sou uma mistura do Shrek com o Burro-Falante, ela um conto de fadas inteiro. Ela é a raposa do Pequeno Príncipe, que diz: “Tu serás eternamente responsável por tudo aquilo que cativas”.  Como cobrar dela o tanto que me cativou?  
De amarelo e azul, brinco que ela é funcionário dos Correios, eu o adolescente querendo entregar a cartinha de amor. Com medo da resposta, rasgar no meio, amassar em bolinha, mirar e arremessar, mal sabe que é meu coraçãozinho que vai ao lixo.  Ela é musa, eu poeta. Ela é mulher, eu a criança sondando atrás da porta. Ela é menina, eu o professor apaixonado pela aluna.

Ela pede um texto e dúvida, eu peço pra esconder e espero o estalo brotar na cabeça; se espalhar no peito e tomar o coração, e esse estalo vem quando ela sorri e me confessa que toca violão. 

Publicado no site Literatura Amarga em março de 2015

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