A menina com alma de artista.
Ela tem alma de artista, parece uma
menina, mas já é uma mulher comprometida. Ela desenha, pinta e borda. Ela canta
e toca, seus olhinhos brilham feito lua em noite de serenata. Ela é Lolita nos
delírios de Nabokov, Capitu dos ciúmes de Bentinho, ela é literatura erótica e
romance infanto-juvenil. Ela é duas em uma; todas em uma só. Mas no enredo em
que está, será coadjuvante e não protagonista.
Fico imaginando ela com seu violão, eu
gritando toca Raul! Ambos querendo ser uma metamorfose ambulante. A menina que
ficou com o primeiro que botou uma flor em seu coração, sem se dar conta que
ela é um jardim. Segurando seu buquê, sem razão ou porquê; às pressas como se
fugisse da bruxa ou do lobo mau, nenhum cavalo por perto para roubá-la do
altar. De noiva estava maquiada demais, cabelo em coque, não reconheci a menina
que faz meu coração pular corda, mais linda estava com sua roupinha de festa
junina. Essa sim, fiz questão de tirar fotografia, e guardar no bolso, no lado
esquerdo do peito.
Eu a galanteio, ela fica vermelha,
vermelho é a cor do amor, mas acho que ela é arco-íris, com o pote de ouro que
eu nunca vou encontrar. Branquinha, ela é Branca de Neve, eu os sete anões,
zangado porque ela foi embora com o príncipe. Eu sou uma mistura do Shrek com o
Burro-Falante, ela um conto de fadas inteiro. Ela é a raposa do Pequeno
Príncipe, que diz: “Tu serás eternamente responsável por tudo aquilo que
cativas”. Como cobrar dela o tanto que
me cativou?
De amarelo e azul, brinco que ela é
funcionário dos Correios, eu o adolescente querendo entregar a cartinha de
amor. Com medo da resposta, rasgar no meio, amassar em bolinha, mirar e arremessar,
mal sabe que é meu coraçãozinho que vai ao lixo. Ela é musa, eu poeta. Ela é mulher, eu a
criança sondando atrás da porta. Ela é menina, eu o professor apaixonado pela
aluna.
Ela pede um texto e dúvida, eu peço pra
esconder e espero o estalo brotar na cabeça; se espalhar no peito e tomar o
coração, e esse estalo vem quando ela sorri e me confessa que toca violão.
Publicado no site Literatura Amarga em março de 2015
Publicado no site Literatura Amarga em março de 2015
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