segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Aventuras de um pai iniciante.


Aventuras de um pai iniciante
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Aprendi com meu filho que trocar fraldas pode ser um exercício perigoso. Além de enfrentar os odores e a sujeira, há também uma torneirinha homicida que dispara jatos certeiros. É preciso sempre estar atento para não ser alvejado.

Descobri que os bebês passam por fases. Meu filho passou por uma fase bovina. O que me obrigava a recorrer constantemente ao Canal do Boi, enquanto ele ficava em frente à TV gritando: Boi, boi, boi! E mugindo. Essa etapa passou, agora está em uma fase caprina. O que dificultou um pouco as coisas, pois não existe nenhum canal de cabrito. O que me obriga a vasculhar na internet imagens e vídeos de cabritos, enquanto ele fica no meu colo gritando: Beeer, beeer, beeer!

A fase do piu-piu, nós superamos quando eu tive a brilhante ideia de levá-lo ao parque para alimentar os gansos. Não percebi quando um grupo sorrateiro de gansos se aproximou pela retaguarda. Tive que erguer meu filho bem alto e partir em disparada, não antes de levar umas bicadas dolorosas nas pernas.

Percebi o que é sedentarismo quando tive de empurrar meu filho por algumas horas em um triciclo de plástico, enquanto ele pedia: Masi, masi... Por mais desatentos que os bebês pareçam, eles prestam muita atenção em nossa linguagem. Tive uma grande supresa quando meu filho cumprimentou outro bebê, levantou o bracinho bem alto e disse: Oi, cala!

Descobri que o fascínio que os homens têm pelo órgão genital vem da mais tenra idade. Cheguei a tal conclusão quando meu filho saiu correndo pelado pela sala, gritando para as visitas: Meu Pipi, meu pipi... Há também nessa idade a curiosidade pelo sexo oposto. Tive de conter o meu filho, quando ele quis entrar debaixo do vestido de uma menina à procura de um pipi. Desde então, ele persegue as garotinhas no parquinho falando: Ham ninina, ham ninina!

Quando meu filho pede comida nem sempre está com fome, às vezes só quer esfregar chocolate nas paredes e espalhar migalhas de bolacha pelo chão. Não importa o quanto eu esteja jururu e cansado, quando meu filho sorri e diz vem PA-PAI, eu vou. E então vamos construir castelos na área úmida; puxar pelo cordão carretinhas e caminhõezinhos pelos corredores da casa; despejar a caixa de brinquedos pelo chão e fazer a maior bagunça. Percebi o quanto é lindo e gratificante ouvir meu filho dizer: Eu amo meu papai. Mesmo que para ele dizer isso, eu tenha de suborná-lo com um punhado de balas.


Publicado No Paraná Centro 09/ 08/ 10
Folha de Londrina 05/08/ 09

6 comentários:

  1. Caramba, eu adoro ler os seus textos! hahaha
    seu filho deve ser uma figurinha x)

    " Eu amo meu papai. Mesmo que para ele dizer isso, eu tenha de suborná-lo com um punhado de balas."

    Isso é pura psicologia qnto ao significado de amor para a criança, muiiiito bom!

    ;*

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  2. Obrigado Dianna, adorei ver um comentário seu aqui...Estou com saudades de seus textos.
    bjs

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  3. kiii lindooooo... adorei seu texto!!!
    vc é pazãOoo =)
    continue assim!!!

    Bju

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  4. Obrigado Manu, como te disse, eu tento...
    bjs

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  5. Que texto lindo!!! Fiquei até emocionada... e olha que eu nem tenho filho!

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  6. Obrigado Anielli, um dia vc terá, vai treinando rsrsr
    bjs

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